O governador Sérgio Cabral afirmou na última quarta-feira que pretende lançar até dezembro as licitações para a criação de BRTs (Bus Rapid Transit) em rodovias da Baixada Fluminense, de Niterói e de São Gonçalo, na Região Metropolitana. Segundo Cabral, já está em andamento um estudo preliminar, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, para elaborar o projeto. O governador explicou que o objetivo é reduzir as cerca de 1,4 mil linhas intermunicipais que circulam nas três regiões e promover a integração com outros modais.
Com isso, teremos um volume de ônibus menor nas ruas e os motoristas também ganham mais espaço, como já ocorre no BRT da Zona Oeste do Rio de Janeiro- afirmou Cabral, durante a inauguração do Centro de Socioeducação Dom Bosco, na Ilha do Governador, que vai substituir o Instituto Padre Severino, para onde eram levados adolescentes infratores.
Cabral confirmou ainda que entre as rodovias que podem receber os corredores exclusivos para ônibus articulados estão a Rodovia Presidente Dutra (BR-116) e a Rio-Petrópolis (BR-040), conforme adiantou a reportagem do GLOBO desta quarta-feira. Os novos BRTs serão o quinto e o sexto programados para o Rio nos próximos anos. Além do Transoeste (Santa Cruz-Barra), que já está em operação e custou cerca de R$ 900 milhões, estão programados o Transcarioca (Barra- Bairro da Penha-Ilha do Governador), Transolímpico (Barra-Deodoro) e TransBrasil (Deodoro-Aeroporto Santos Dumont).
Atropelamentos e mortes no BRT Transoeste
Quatro pessoas já morreram atropeladas no BRT Transoeste. A última vítima foi o estudante Felipe Carneiro de Freitas, de 17 anos, atropelado no dia 3 de julho. Ele ficou internado por 43 dias e morreu na última quinta-feira. Alunos e professores do Colégio Estadual Vicente Jannuzzi, onde Felipe estudava, chegaram a fechar as pistas da Avenida das Américas na sexta-feira em protesto contra os acidentes no corredor expresso. No mesmo dia, a CET-Rio anunciou a instalação de uma faixa de pedestres e um sinal de trânsito em frente ao colégio, que fica no número 6120 da avenida, até a próxima sexta-feira. A prefeitura estuda ainda a instalação outros sinais ao longo da avenida.
No dia 24 de julho, O GLOBO publicou reportagem, após percorrer o BRT, e constatou que pelo menos quatro estações — Guignard, Gelson Fonseca, Pedra de Itaúna e Santa Mônica, todas no trecho entre Barra e Recreio — estão mais distantes dos sinais do que as demais. Da estação Santa Mônica até a faixa mais próxima, por exemplo, o passageiro anda 120 metros. Ciclistas também pedalavam pelo corredor.
Primeiro BRT inaugurado em junho
O primeiro BRT do Rio, o Transoeste, foi inaugurado em 6 de junho. O corredor exclusivo, inspirado no sistema adotado na cidade de Curitiba, tem 56 quilômetros e liga Santa Cruz e Campo Grande à Barra da Tijuca. Com ônibus articulados capazes de transportar até 140 passageiros, o sistema reduziu em até uma hora o percurso entre os dois extremos. A prefeitura Municipal de Rio de Janeiro já deu início à construção do Transolímpico e do TransBrasil. O primeiro vai da Barra a Deodoro, passando pela Avenida Brasil e por Magalhães Bastos. O projeto, com 23 quilômetros, custará cerca R$ 1,5 bilhão, dos quais R$ 1,072 bilhão de recursos do tesouro municipal. A previsão de entrega é dezembro de 2015.
Já o TransBrasil, que custará R$ 1,3 bilhão, será praticamente todo financiado pelo governo federal, que anunciou este ano o investimento no projeto. O corredor expresso será implantado ao longo da Avenida Brasil, ligando Deodoro ao Aeroporto Santos Dumont e passando ainda pelas avenidas Francisco Bicalho e Presidente Vargas. Nos planos da prefeitura, os BRTs deverão melhorar o mobilidade urbana, não só porque eles ajudam a reduzir o número de ônibus nas ruas, mas também porque reduzem o tempo de viagem entre os bairros.
Fonte: Jornal extra